Converso diariamente por zap ou inbox do Face com pessoas que gosto. Algumas conheci virtualmente na quarentena; outras são amigas de longa data e muitas histórias compartilhadas.
Imagino que os novos entrantes me achem às vezes um pouco pentelha – o que sou. Mas não é o que predomina em mim.
Os velhos de guerra, de almoços, de passeatas e de abraços perdoam delicadamente minhas indelicadezas. Porque também sabem que não é o que predominam em mim.
Ando repetindo histórias. Conto coisas como novidades e não são. Sinto-me uma anciã que esqueci o que contou para quem. E as pessoas entendem.
Repetir o passado, porque o presente está dureza. Sou da rua, me inspiro em trechos de bate-papos. Limito-me agora, e vez por outra, ao débito ou crédito.
Hoje estou com vontade de viver histórias reais. Há tanto tempo não as vivo. Estamos em casa há meses.
Mas não é tristeza. Povoo minha vida com planos. E são muitos. Mudar as cores das paredes, talvez fazer uma ajeitada no rosto, amenizando alguns traços que a idade vai acentuando. Algo leve.
Bolota também se ressente da quarentena. Saímos menos e ninguém vem em casa. Ela é a anfitriã perfeita e adora uma visita.
Daqui a pouco saímos. Tentaremos ouvir histórias novas. Tentaremos olhar para os outros, todos com medo da proximidade física. E vamos entender que gentileza agora não é encostar no outro.
Sou descrente que, pós-pandemia, haverá um novo normal. Com gente mais atenta, delicada, cooperativa. Não, gente, meu ceticismo tudo supera. Que falta todos vocês me fazem ao vivo, mesmo os que não conheço pessoalmente.
Isso sim, imagino, será meu novo normal.
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